Estou vivendo momentos cancerígenos de um espetáculo musical num teatro vazio sem aplausos.E que de tão oco o espaço, minha voz soa ecos lamuriosos contra as paredes e as cortinas de veludo rubras fazendo-me contracenar com a sombra dos objetos fúteis inanimados, o meu prório espírito vazio sem ritmo, os imensos cenários de madeira pintados à mão, as grandes ruas e avenidas da minha infinita mente imaginária doentia.
O sino da igreja ousa avisar-me que já é tarde pra ter-se crises existenciais melancólicas, tendo em vista as circunstâncias reais, canso-me da vaidade orgulhosa em que a solidão mesquinha se mostra para o mundo e que ali se encontra vestida de mulher, prepotente, de saltos finos e altos, prestes e pronta a pisar em cima do coração de qualquer apaixonado.Decido-me,como ser humano rico de alma dar-lhe as costas.E parto.
Apenas deixo-me sonhar com tartarugas
verdes-amélie-poulain, quase folhas, que alguém um dia inconscientemente me presenteou.
Porque o irreal me convém agora, me é mais bonito.Porque fecho os olhos e não ouço ruídos externos ao meu pulmão, somente o coração dançando ao ritmo de atabaques em algum terreiro que já estive presente, onde certamente meu guia me abandonou.
Cajú.